King’s College de Londres e SUMAÚMA unem esforços para investigar corporações transnacionais na Amazônia

A série de reportagens se inicia nesta segunda-feira, 2 de outubro. A estreia marca as celebrações do primeiro ano de vida de nossa plataforma com o melhor jornalismo investigativo

Eliane Brum, Altamira/Brasil e Octávio Ferraz, Londres/Inglaterra

O frequente envolvimento de grandes empresas transnacionais na destruição da natureza e das violações dos direitos humanos e não humanos é cada vez mais conhecido. Isso se deve em grande parte ao trabalho corajoso de pessoas e organizações da sociedade civil que vêm investigando e expondo esses crimes, muitas vezes com risco de perder a vida. Graças ao número crescente de artigos, relatórios e estudos divulgados nos últimos anos tornou-se impossível ignorar que muitos dos produtos consumidos ao redor do planeta são produzidos ao custo da devastação de florestas, poluição de rios e supressão de direitos de populações originárias e tradicionais.

Mas a responsabilização jurídica das empresas envolvidas – a chamada “responsabilidade corporativa transnacional” – ainda é bastante rara, o que fornece um incentivo decisivo para que essas grandes corporações mantenham e ampliem sua ação destruidora. Essa situação, que ameaça as novas gerações, é resultado de uma combinação de fatores, entre eles normas legais inadequadas e pouco claras sobre responsabilidade corporativa transnacional, dificuldades na aplicação dessas normas e desafios na coleta de informações – é importante lembrar que as violações ocorrem com frequência a milhares de quilômetros de distância dos principais centros urbanos, em regiões inacessíveis e muitas vezes perigosas.

A necessidade de responsabilizar diretamente as empresas transnacionais por esses danos é ainda mais importante em países onde o Estado carece de força suficiente para cumprir com eficácia seu dever de proteger os direitos humanos e o meio ambiente. Não por acaso, é nesses países que ocorre a grande maioria dos danos e violações. É também neles que as pessoas que lutam contra a tragédia ambiental e social correm mais risco e com vergonhosa frequência são assassinadas. Este tem sido o caso do Brasil, que abriga 60% da floresta Amazônica, assim como outros enclaves da natureza, entre eles o Cerrado e o Pantanal, e é um dos líderes globais em número de assassinatos de defensores dos direitos humanos e não humanos.

Com o objetivo de desvendar situações de potencial responsabilidade empresarial por danos ambientais e violações de direitos, o Transnational Law Institute e a plataforma de jornalismo independente SUMAÚMA uniram esforços para produzir uma série de investigações sobre o tema. As investigações vão dar subsídios tanto para reportagens a serem publicadas nesta nova série de jornalismo investigativo – Insustentáveis – como para artigos e relatórios do projeto The Laws of our Sustainable Future, do Transnational Law Institute. Estarão também à disposição das autoridades, das universidades e dos pesquisadores do tema – e, principalmente, das comunidades afetadas.

O Transnational Law Institute é um centro de pesquisas, eventos e ações em direito transnacional vinculado à Faculdade de Direito da King’s College de Londres. Tem como áreas prioritárias de estudo os direitos humanos, a democracia, o meio ambiente e a saúde. SUMAÚMA – Jornalismo do Centro do Mundo é uma plataforma trilíngue de jornalismo baseada na Amazônia, na bacia do Xingu, no município de Altamira, no Pará. Seu foco é fazer jornalismo de profundidade desde a floresta e seus povos, a partir da premissa de que os centros de um planeta em mutação climática são onde está a vida – e não onde estão os mercados. Para SUMAÚMA, no século 21 a democracia só faz sentido se for capaz de representar também os direitos da natureza e das pessoas não humanas – ou mais-que-humanas.

Reportagens

Mineradoras da Noruega e da França são responsáveis por metade dos desastres ambientais de Barcarena

Helena Palmquist e Catarina Barbosa, Barcarena/Pará

Município da Amazônia teve quase 30 acidentes em duas décadas, 16 deles ligados à norueguesa Norsk Hydro e à francesa Imerys – e moradores se assustam com a contaminação por metais pesados e o aumento de 636% nos casos de câncer entre 2000 e 2022

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Cargill quer ampliar sua destruição na Amazônia

Isabel Harai (texto) e Alessandro Falco (fotos), Abaetetuba/Pará

Sem cumprir marcos legais, a corporação estadunidense opera dois portos de exportação de soja no Pará e agora pretende construir um terceiro. Ele nem saiu do papel, e o Ministério Público Federal suspeita de aquisição irregular de área nas ilhas de Abaetetuba

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equipe

Coordenação de investigação

Ana Magalhães

Edição

Ana Magalhães

Talita Bedinelli

Eliane Brum

Coordenação de fluxo

Viviane Zandonadi

Checagem

Plínio Lopes

Revisão Jurídica

Tais Borja Gasparian

Monica Filgueiras da Silva Galvao

Stephanie Lalier

Revisão ortográfica (português)

Elvira Gago

Valquiria Della Pozza

Célia Arruda

Tradução para o espanhol

Julieta Sueldo Boedo

Meritxell Almarza

Tradução para o inglês

Julia Sanches

Sarah J. Johnson

Edição de fotografia

Lela Beltrão

Montagem de página e acabamento

Érica Saboya

Site

Disarmegráfico

Direção criativa

Bruno Ventura

Design

Thaís Barbosa

Desenvolvimento

Mário Medina

Administração de projetos especiais

Juliana Laurino

Administração financeira

Mônica Abdalla

Assistência administrativa

Marina Borges

Direção do projeto

Eliane Brum

Octávio Ferraz